Os exercícios de alta intensidade podem causar danos musculares temporários, ocasionando uma redução da força, a qual pode ser transitória, durar alguns minutos, horas ou até alguns dias após o treinamento ou competição. Junto a este comprometimento na força muscular ocorrem muitos outros processos como: respostas inflamatórias, dores musculares tardias, perda de amplitude de movimento, entre outras.
Os métodos de recuperação de lesão muscular são objetos de muitas pesquisas e de desenvolvimento de novas técnicas. Dentre os vários modelos existentes, a crioterapia é uma técnica já bastante conhecida e difundida. Entre os modelos, a crioterapia de corpo inteiro (WBC) tem ganhado uma atenção especial dos pesquisadores. Nesta modalidade, o sujeito é exposto entre 2 a 3 min a um ar extremamente frio (-110 à -195 ºC) numa câmara controlada (Banfi et al., 2010; Hausswirth et al., 2011;Fonda & Sarabon, 2011). Como uma alternativa para não expor a cabeça ao frio, sessões de crioterapia parcial do corpo estão sendo utilizadas (PBC).
Em um estudo recente, Ferreira-Junior et al. (2015) utilizaram apenas uma sessão de PBC realizada imediatamente após um exercício danoso. Neste protocolo, os sujeitos foram divididos em dois grupos, grupo PBC e controle, e realizaram 5 séries de 20 saltos em queda de uma caixa com 0,6 m com 2 min de intervalo de descanso entre as séries.
Os sujeitos do grupo PBC permaneceram durante 3 min numa câmara à -110 ºC, enquanto o grupo controle ficou durante 3 min a uma temperatura de 21 ºC.
A espessura muscular anterior da coxa, o pico de torque isométrico e a dor muscular de extensores do joelho foram mensuradas pré, pós, 24, 48, 72 e 96 horas após o exercício.
Resultados
O grupo PBC apresentou um recuperação mais rápida da força muscular e um alivio da dor após 72 h do exercício, sem alteração na espessura do músculo.
Em contraste, o grupo controle não recuperou os valores da força muscular aos basais, a espessura do músculo aumentou após 24 h e foi significativamente maior em comparação ao grupo PBC após 24 e 96 h e, os valores de dor muscular só voltaram aos valores normais após 96 h.
Referências
Banfi G, Lombardi G, Colombini A,Melegati G. Whole-body cryotherapy inathletes. Sports Med 2010: 40:509–517.
Hausswirth C, Louis J, Bieuzen F,Pournot H, Fournier J, Filliard JR,Brisswalter J. Effects of whole-bodycryotherapy vs far-infrared vs passivemodalities on recovery fromexercise-induced muscle damage inhighly-trained runners. PLoS ONE2011: 6 (12): e27749.
Fonda B, Sarabon N. Effects ofwhole-body cryotherapy on recoveryafter hamstring damaging exercise: acrossover study. Scand J Med SciSports 2013: 23: E270–E278.
Ferreira-Junior J. B, Bottarro M, Vieira A, Siqueira A. F, Vieira C. A, Durigan J. L. Q, Cadore E. L, Coelho L. G. M, Simões H. G, Bemben M. G. One session of partial-body cryotherapy (-110 ºC) improves muscle damage recovery. Scand J Med Sci Sports 2015: 25: E524-E530.