Quando falamos de treinamento em intensidades máximas, uma zona específica chama a atenção: o domínio extremo. Nesta faixa de intensidade, você ultrapassa o limite do consumo máximo de oxigênio (VO2max), e o exercício torna-se tão intenso que a fadiga chega rapidamente. Mas quais são os benefícios e as respostas do seu sistema cardiovascular ao treinar nessa zona? Vamos explorar!
O que é o Domínio Extremo?
O domínio extremo ocorre quando a intensidade do exercício supera o VO2max, geralmente em torno de 120% a 160% da potência no VO2max (P@VO2max). Exemplos incluem:
- Sprints curtos (30 segundos) com períodos de descanso curtos;
- Treinos intervalados supramaximais, como séries de 12 repetições a 120%-140% do VO2max.
Esses treinos, apesar de curtos e extenuantes, têm se popularizado pela capacidade de acelerar adaptações aeróbicas e anaeróbicas.
Como o Sistema Cardiovascular Responde no Domínio Extremo?
1. Consumo de Oxigênio (VO2)
- O VO2 diminui progressivamente conforme a intensidade do domínio extremo aumenta.
- Nos níveis de 120% e 140% da P@VO2max, o consumo de oxigênio ainda é elevado, mostrando que o corpo ainda utiliza o sistema aeróbico de maneira relevante.
- Porém, em 160% da P@VO2max, o VO2 é reduzido devido ao maior uso de energia anaeróbica.
2. Volume Sistólico (SV)
- O volume sistólico (quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada batimento) atinge seu pico em intensidades moderadas a severas, antes de cair no domínio extremo.
- Exercícios em 120%, 140%, e 160% da P@VO2max apresentam um SV mais baixo do que no VO2max.
Isso acontece porque, em intensidades muito altas, a duração curta e a fadiga limitam a capacidade do coração de manter um volume de ejeção alto.
3. Frequência Cardíaca (HR)
- A frequência cardíaca é mais alta no VO2max e apresenta uma leve redução conforme a intensidade aumenta no domínio extremo.
- Por exemplo, a HR cai aproximadamente 3 bpm entre 120% e 160% da P@VO2max, o que mostra que a fadiga impacta a capacidade do coração de acelerar ainda mais.
4. Débito Cardíaco (Q)
- O débito cardíaco (quantidade total de sangue bombeado pelo coração por minuto) também diminui devido ao menor volume sistólico e à estabilização da HR.
- Esse é um dos principais fatores que limitam o VO2 em intensidades extremas.
5. Extração de Oxigênio (a-vO2diff)
- A diferença arterio-venosa de oxigênio (a-vO2diff) mede quanto oxigênio os músculos conseguem extrair do sangue.
- Em 120% e 140% da P@VO2max, não há grandes mudanças comparado ao VO2max.
- No entanto, em 160%, há uma redução significativa da a-vO2diff, indicando que o uso periférico de oxigênio começa a ser limitado.
Qual a Importância Prática disso no Treinamento?
- Treinos no VO2max (severo) são ideais para maximizar a capacidade aeróbica central, ou seja, melhorar o débito cardíaco e o volume sistólico.
- Treinos em 120%-140% do VO2max (limite inferior do domínio extremo) são eficazes para o desenvolvimento da resistência aeróbica, principalmente devido às adaptações periféricas (melhoria na extração de oxigênio pelos músculos).
- Intensidades extremas como 160% do VO2max são limitadas pela contribuição anaeróbica e curta duração, sendo menos eficazes para treinos aeróbicos.
Conclusão: Onde Colocar o Domínio Extremo no Seu Treinamento?
Se o objetivo é melhorar a resistência aeróbica e anaeróbica, incluir treinos intervalados na faixa de 120%-140% do VO2max pode ser uma excelente estratégia. Já para maximizar as adaptações centrais do sistema cardiovascular, treinos na intensidade do VO2max são insubstituíveis.
Lembre-se: treinar em intensidades extremas exige cuidado, supervisão e uma boa base aeróbica para evitar fadiga excessiva e lesões. Consulte um profissional para ajustar o volume e a intensidade do seu treino!
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